O fracasso da escuta e da compreensão
O julgamento deriva de uma mente estagnada e preguiçosa que busca terminar e concluir as questões da vida. Porém, a vida em si é um eterno movimento que nunca termina.
“Somente quando o ciclo desta existência se finda e o ar inalado for preenchido, expira-se de uma vez.” Estar em contínuo processo e lidar com as incertezas da vida, as inseguranças e a impermanência são situações que geram muito riscos e desconfortos para a maioria de nós.
A mente ordinária que atua buscando segurança no caminhar, se apega a pensamentos e crenças de uma forma rígida, e desenvolve definições a partir de uma visão reativa da vida, voltada a pensamentos e experiências passadas que, na maioria das vezes, não condiz com o momento presente.
No momento em que realmente definimos (julgamos) algo, aquilo se paralisa e termina, e a situação ou relação fica segura, acomodada, confortável e temos um pseudocontrole de determinada questão. O julgamento cai exatamente neste lugar, um lugar de segurança, resistências, limites, estagnação e passividade.
“De-fini-ção: ação de definir: ação de dar um fim…”
A pessoa que atua com a mente egoica, costuma se achar sempre superior e cria resistências a determinadas situações. Para não entrar em contato mais profundo e sentir realmente o que está acontecendo, o indivíduo já limita a situação e desenvolve rótulos bem definidos, os julgamentos que trazem a “segurança.”
Vivemos um mundo “dual e relativo” onde habita: o certo/o errado, o bom/o mau, o melhor/o pior, então, é natural ao abrirmos os olhos pela manhã, já começarmos o ato de julgar.
Porém, este ato de julgar vem de experiências e vivências do passado, e que é interpretada por um tipo de mente que chamamos de mente reativa. Uma mente que julga, reage e sentencia a situação.
É natural no momento que a situação chega, colocarmos um julgamento nela. A questão primordial é se, a partir disso, nós vamos para a ação de uma forma reativa e já criamos uma sentença estagnada.
Por exemplo: a semana toda estava com dias ensolarados e chega o sábado, começa a chover. Nosso primeiro pensamento diante desse fato pode ser algo negativo, daí vem a reclamação e crítica e, assim, sentenciamos como será o nosso fim de semana. E a partir daí, geramos dias desconfortáveis e limitantes.
No entanto, a mente criativa, ao invés de julgar e sentenciar conforme as experiências passadas, atua no agora, vive numa dimensão aberta e disponível para desfrutar o momento presente como ele está. Ao invés de julgar, a mente criativa interpreta a situação, criando caminhos hábeis que levam à alegria, prazer, paz e amor.
“’Julgamento (mente reativa) # Interpretação (mente criativa)…”
O julgador mais assíduo é o julgador de si mesmo que já se rotula, autocritica e autossentencia, portanto, age reativamente na vida. Quanto maior nosso julgador interno, com mais frequência julgaremos os outros e as situações, sendo sempre reativo a tudo.
Por exemplo, olhamos para uma determinada pessoa e como numa tela mental, os erros e os defeitos daquele ser (fulminado pelos nossos olhares) é radiografado e julgado, como se fôssemos as criaturas mais perfeitas da Terra.
“O julgamento é o fracasso da escuta e da compreensão…”
[Roberto Crema]
Se não silenciarmos, não nos escutarmos conscientemente e não desenvolvermos uma compreensão de nosso caminho de vida, ficaremos muito limitados na expansão do verdadeiro “Ser” em função dos julgamentos, o que gera impossibilidade de viver uma vida abundante em todos os níveis.
Fica claro a importância de ampliar a percepção e o autoconhecimento. Desta forma, cria-se uma maior possibilidade de escapar das armadilhas dos julgamentos, pensamentos, crenças, posturas e memórias negativas. Acesse o artigo “Consciência da Inconsciência” e saiba mais.
Existe uma frase atribuída ao psiquiatra Sigmund Freud, criador da psicanálise, que diz: “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”. Isso significa que quando falamos mal dos outros temos como base nossas próprias crenças e pontos de vista.
Se tal comportamento não nos dissesse respeito ou não revelasse algo sobre nós, não nos incomodaria. Quando nos chega alguma situação, podemos apreciar o que vem a nós e acolher o fato, ou exatamente o oposto, ter uma reação depreciativa e se afastar.
“Se aquilo não tivesse nada a ver com as minhas dificuldades, não me incomodasse, eu nem perceberia…”
Acontece que prendemos as pessoas em caixas fixas quando as julgamos
Depreciamos! Colocamos os sentimentos por estas pessoas dentro de caixinhas. Por exemplo: “aquela pessoa não presta, não gosto dela, ela é burra e estúpida”. E toda vez que vejo a pessoa, penso: “ela é burra e estúpida.” Ou seja, eu não dou a oportunidade de pensar além da caixinha, eu a tranco lá dentro e a menosprezo. Isso é um vício, uma ação depreciativa.
O julgamento nos faz mal porque, na maioria das vezes, além de cultivarmos sentimentos desconfortáveis, significa que temos uma visão estática da realidade. Não percebemos que há possibilidade de mudança, de crescimento e que nada é totalmente fixo. As pessoas não são boas o tempo todo, nem más o tempo todo, nem burras o tempo todo, nem geniais o tempo todo, afinal, são seres humanos.
“Apreciação: ação de apreciar- dar apreço, dar valor
Depreciar: ação de desvalorizar, menosprezar…”
O fracasso da escuta e da compreensão
Precisamos agir com humildade, praticando a escuta e compreensão dos fatos que se apresentam. Se estamos realmente presentes, será mais fácil acolher. No entendimento mais profundo do autoconhecimento sabemos que a pessoa, através do seu amadurecimento espiritual, enxergará mais cedo ou mais tarde os atos inconscientes que foram praticados.
Mudemos, vamos ser gentis, amorosos, falar aquilo que é bom, evitar a impaciência, as agressões verbais, não censurar e criticar indevidamente, e ter o cuidado com as respostas mal conduzidas. O que fizermos aos outros, será devolvido em algum momento. Aquilo que ofertamos é o que receberemos.
“É dando que se recebe…
É perdoando que se é perdoado…”
[São Francisco de Assis]
A meditação pode ajudar a não se apegar aos julgamentos
O autoconhecimento é um processo fundamental para quem deseja evoluir enquanto ser humano e, assim, julgar menos os outros. Quando nos conhecemos, conseguimos identificar as nossas próprias limitações e compreendê-las, fazendo o mesmo com os outros e as situações ao redor.
Você sabia que seus sentimentos, pensamentos, palavras e ações constroem a sua realidade? Então pense bem: o quanto eles moldam o que você faz ou constroem em sua vida? É isso que devemos avaliar diariamente.
A meditação é importante ferramenta de cura nesse caso. Por meio da prática, é possível desenvolver o “olhar” do observador sobre nossos pensamentos, palavras e atos, o que nos permite conhecer melhor quem somos. Agende a sua meditação online.
“Pensar é difícil, por isso as pessoas preferem julgar…”
[Carl Gustava Jung]
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