A Arte de Amar e Ser Amado
A questão complexa do relacionamento conjugal em desenvolver um caminho consciente na “arte de amar e ser amado” atinge a todos que se propõem a viver uma relação intima e duradoura e, é muito claro que, a humanidade ainda está bem aquém do que poderia viver na questão dos relacionamentos íntimos.
O relacionamento amoroso demanda tempo, atenção, dedicação e conhecimento para que se desenvolva realmente de uma forma saudável e harmoniosa. E é muito relevante o aprofundamento deste tema e a descoberta de caminhos criativos para o mesmo.
É fundamental trazer à consciência, a respeito de qual o sentido de ser/estar, enquanto casal que compartilha a existência juntos. A meditação, como ferramenta de percepção profunda sobre o relacionamento amoroso, tem uma importância primordial para que este propósito se alcance.
Viver é relacionar-se e as relações são um processo constante de mudanças e aprendizados sobre a arte de amar e, à medida que conquistamos a “qualidade de presença” através da meditação, conquistamos também a serenidade, a paciência e a aceitação. Assim, o relacionamento se expande, se desenvolve e cria novas possibilidades na relação conjugal.
“Só podemos amar se estamos realmente presentes, pois o amor é presença!”
Mestre Buda dizia sempre em um de seus principais aforismos:
“Ame e medite, medite e ame.”
O amor precisa da meditação para se desenvolver, assim como, a meditação precisa do amor para ser aprofundada.
Combinação poderosa de conexão profunda para as relações conjugais.
Quando optar pela terapia de casal
A terapia de casal é recomendada quando o relacionamento conjugal está passando por conflitos recorrentes, em que ambos os parceiros não estão conseguindo administrar a união e começam a ter atitudes destrutivas e sabotadoras na relação e que, por conta disso, outros setores da vida vêm sendo afetados significativamente, prejudicando o bem-estar e a qualidade de vida dos envolvidos.
O terapeuta vai atuar no sentido de ajudar o casal a ampliar a visão sobre questões especificas que surgem na relação e estão atrapalhando o convívio dos dois ou frustrando certas expectativas. Ele vai incentivar os dois a pensarem e a dialogarem conscientemente com os fatos, as atitudes e as situações que estão trazendo angústia e insatisfação para ambos. Como também vai ajudar a relembrar os pontos fortes da relação, o que os uniu, qual o propósito, afinidades…
O ideal é que o casal procure pela terapia ainda no início do conflito. A terapia de casal oferece acolhimento e ambiente propício para o casal ampliar o propósito, colocar as questões que afligem cada um e buscar, juntos, soluções conscientes para os seus problemas e sofrimentos.
Veja também: O que é o autoconhecimento.
Principais motivos que levam o casal a procurar a terapia
Muitas vezes, o casal chega na terapia já com o relacionamento muito desgastado e destruído há muito tempo e, muitas vezes, o encontro terapêutico serve também para trazer clareza num processo de separação consciente.
Entre os mais variados motivos que levam o casal a procurar ajuda de um terapeuta estão:
- Co-habitar o mesmo lar: falta de liberdade, silêncio, privacidade, administração estrutural e financeira do lar.
- Chegada de um terceiro na relação: chegada do(s) filho(s) e de toda uma nova adaptação do lar e da relação conjugal ou a descoberta de traição na relação.
- Famílias próximas: presença dos sogros, cunhados, parentes, filhos de outra relação que demandam atenção e interferem na intimidade.
- Vida social do casal muito agitada ou muito isolada: o fator social de relacionamentos de amizade, parcerias e afins.
- Diminuição da libido e da paixão: falta de desejo sexual, falta de contato corporal, de beijos e carícias.
- Medos e apegos: casal se mantém junto por comodidade, conveniência, status, em função do medo de ficar só ou de não sustentar a vida a nível financeiro ou emocional.
- Falta de tempo para a relação: o casal vai se distanciando em função do pouco convívio e atenção(demandas externas) e não se dedicam ao cultivo diário da relação.
- Comunicação limitada e/ou reativa: dificuldade de uma escuta compassiva e de uma fala respeitosa e amorosa,
- Rotina, tédio e acomodação: falta de criatividade na relação a dois, gerando conformismo, passividade e resignação.
Relacionamento Conjugal e a terapia meditativa
A convivência diária, administração do lar, filhos, família, contas, trabalho exaustivo, etc, geram muito stress e tensões diárias e, naturalmente com o tempo a relação amorosa vai sendo muito afetada. O casal tende a entrar num “piloto automático” e não mais desfrutar e curtir a relação, mas sim, resolver questões e problemas recorrentes que podem gerar muitos conflitos no relacionamento, levando, muitas vezes, ao fim da relação.
A terapia meditativa pode gerar mudanças significativas neste processo de iminente finitude do relacionamento. É feita uma investigação profunda, primeiro individualmente e depois na relação íntima, afim de averiguar quais as áreas da relação estão desequilibradas e quais são as forças e potências com possibilidade de expansão e desenvolvimento (Psicologia Positiva).
Normalmente, uma das áreas sempre mais afetadas é a comunicação limitada que aparece, seja na falta de enfrentamento das questões essenciais (ausência e conformismo), ou no surgimento de um diálogo agressivo e repetitivo, sem criar caminho criativos.
Leia também O poder do silêncio.
Durante a terapia meditativa são desenvolvidos organicamente 3 saberes sobre a existência:
- A sabedoria da Impermanência (tudo está mudando o tempo todo).
- A sabedoria da Incerteza (a única questão que temos certeza é a morte).
- A sabedoria da Insegurança (não temos controle e segurança da coisas).
Vamos aprendendo que o sentimento do amor não é relativo ao objeto do amor, no caso o amado, mas sim aquele que ama, o sujeito. O amor é um estado natural do ser. Aprendemos que o amor acontece sempre na relação com o outro (pessoa, projeto, situação, etc) e que o amor depende do outro para existir, exceto na existência de uma conexão com a solitude ( amor-próprio).
A medida que vamos construindo a arte de se relacionar através do outro, também temos uma ótima oportunidade de observar profundamente a relação própria, o caminho da individuação e perceber mais atentamente qual a dimensão de qualidade e atenção amorosa que temos conosco, através da meditação, autoconhecimento e autocompaixão.
Muitas vezes, numa relação, perdemos nossa identidade, nos autoabandonamos em função do relacionamento e do outro(a).
Leia Individuação.
Vindo da Grécia antiga, temos aquele famoso aforismo encontrado na entrada do templo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os Deuses.” Assim, a expansão do amor numa relação conjugal se desenvolve, a medida que vamos nos conhecendo mais profundamente, como também, vamos percebendo, conhecendo e acolhendo o outro como ele é.
Se não conhercemos e acolhermos o parceiro (a) como ele(a) realmente é, vai ocorrer somente uma projeção (fantasia) a respeito da identidade do mesmo e a chance de uma desilusão amorosa posterior é muito grande. Isto acontece normalmente em situações de casais que se casam logo no início de uma relação e que estão muito apaixonados, porém, ambos não têm intimidade necessária e, quando a paixão vai diminuindo e a intimidade aumentando, este conhecimento gera muito conflito e normalmente a separação.
A qualidade de despertar o “observador desapegado” (processo meditativo) é um caminho muito auspicioso de trazer a consciência (conhecimento) para o que acontece no universo da relação e do sentimento do casal. Entender o quanto esta relação é saudável e se tem propósitos similares, sendo também expansiva e libertadora, possibilita a permissão que o outro(a) seja a sua versão mais espontânea e verdadeira de quem é.
Bases da relação
Sendo muito comum e fundamental, após algum tempo de vivência, é poder observar a qualidade do relacionamento amoroso em três pontos fundamentais, que são:
- A amizade (conexão, comunicação e intimidade)
- A química (contato físico, tesão, experiência cinestésica)
- O comprometimento (acordos, propósitos, nutrição da relação)
Quando um destes 3 pilares se desintegram e, se não houver uma dedicação profunda em desenvolvê-los, fica bem difícil o resgate e a sustentação da relação.
Também, após algum tempo de terapia meditativa, pode ocorrer a percepção de que a relação já não enriquece mais, que não tem mais uma evolução saudável, assim, o término acaba sendo inevitável, mas é feito de uma forma saudável e coerente.
A prática meditativa constante e disciplinada propicia uma elevação na qualidade do relacionamento e da vida como um todo e os benefícios para a saúde da relação são inúmeros e transformadores.
Leia também: A meditação.
Benefícios da Terapia de Casal
O primeiro ponto a ser destacado é a melhora na comunicação do casal. Quando os dois sabem ter diálogos construtivos, o relacionamento no cotidiano só tem a ganhar. Pequenas diferenças começam a ser resolvidas de forma mais simples e as brigas diminuem naturalmente.
O próximo benefício a ser citado é que o casal passa a se conhecer melhor e a descobrir pontos na própria personalidade e na personalidade do outro. Estas descobertas também são importantes para que a convivência melhore. Ao saber que um dos dois tem um perfil mais reativo, por exemplo, é possível trabalhar estratégias para que o comportamento não prejudique a relação.
A terapia também contribui para que ambas as partes entendam qual é o seu papel no relacionamento e quais são as suas responsabilidades sobre os temas desafiadores na relação. A inteligência emocional é um ganho enorme.
É importante dizer que a terapia meditativa pode ter um efeito muito benéfico na convivência de um casal, desde que ambas as partes estejam de acordo em receber apoio profissional, que estejam abertas para conversar e que se esforcem para colocar em prática as mudanças de atitude que foram identificadas como necessárias durante as sessões.
Uma conquista gradual na terapia é experimentar silenciar e meditar e, dessa forma, poder se ouvir, como também, ouvir seu parceiro(a) e abrir espaço para a escuta e fala compassiva e, por consequência, poder abrir o “campo” para desfrutar a sagrada existência com um parceiro(a).
“Ame e Medite, Medite e Ame…”
Buda
Experimente uma sessão”!
Sobre Maurício Bastos
Mauricio apresentou um TCC em 2020 de pós-graduação em Psicologia Positiva na PUC-RS sob o tema: “Relacionamento Conjugal e a Prática Meditativa” – Como a meditação desenvolve a intimidade e a expansão da relação amorosa.
Fonte:
https://www.psicologosberrini.com.br/terapia-de-casal/
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