Desenvolvendo a confiança
Sabemos que o isolamento social, por si só, já está associado a possibilidade de gerar ansiedade, stress, insegurança, tristeza e medo. E quanto mais nos distanciamos de tudo e de todos, gerando separação (vazio) e falta de contato, a nossa mente emocional tende a criar pensamentos destrutivos e começa a desconfiar imensamente.
Com a chegada avassaladora das “fake news” nos meios de comunicação e com a falta de compromisso com a palavra nas relações interpessoais, é de vital importância que os questionamentos e a desconfiança estejam presentes em nossas realidades para que possamos manter um bom discernimento e clareza sobre as informações e relacionamentos.
Cuidado para a mentira, o medo, a projeção e a traição acabarem se tornando bases sólidas que podem gerar desconfiança e descrença nos relacionamentos e também no fluir da vida. Se não existe a confiança, o relacionamento tende despertar o stress, a insegurança, o medo e, por consequência, o apego ao controle e poder, gerando muitos desentendimentos.
Confiar no ego dos outros e no nosso também não são soluções saudáveis, pois com o passar da experiência, haverá tendência à frustração, mágoa e desilusão. Tudo pode se tornar muito intenso, podendo gerar desconforto e sofrimento.
No universo dos relacionamentos, seja conosco, com o outro ou com a vida, a confiança é o alicerce fundamental para que a relação se aprofunde e evolua. Confiança é diferente de esperança, pois tem uma característica de proatividade, um movimento com a iniciativa de “tecer” e construir algo novo na vida. Já a esperança, vem de esperar, é algo passivo, resignado e muitas vezes acomodado e conformado.
A confiança se constrói aos poucos. Ela se desenvolve através de algumas vivências fundamentais: a qualidade de presença, a prática constante, a conexão profunda, o autoconhecimento, a mente silenciosa, o sentir puro, a verdade apropriada.
Às vezes, a confiança chega inesperadamente também…
Mas você precisa estar aberto(a) para desenvolvê-la, mantendo o corpo, a mente e as emoções com disponibilidade às novas experiências (o desconhecido) na vida.
Um caminho fundamental para desenvolver a confiança é a prática constante do comprometimento verdadeiro consigo. Ao desmembrar a palavra confiar, surge con/fiar. “Fiar” no sentido de Tecer (criar, nutrir, praticar) e em “con”/junto, ou seja , estar em constante prática de “tecer com” até que a confiança vai surgindo e se desenvolvendo. A prática constante traz a experiência necessária de aprendizados e, assim, surge naturalmente a confiança!
Outro ponto fundamental é trazer a consciência para a relação consigo, com o outro ou com a vida, e isso necessita de um mergulho no autoconhecimento e/ou no conhecimento do outro ou da situação.
O desenvolvimento do conhecimento demanda a intenção, o tempo, a prática e a experiência. E a partir desta possibilidade do conhecer (ampliação de consciência) e o autoconhecer-se, ocorre o despertar da autoconfiança e a confiança na vida como está.
A confiança não é uma crença cega, nem religiosa. Ela tem por base o princípio da veracidade, ou seja, a capacidade de ser verdadeiro(a) e expressar a verdade. Ela tem como princípio encarar e assumir as verdades, desapegando de mentiras, fantasias e ilusões, sendo um processo contínuo que ocorre em paralelo com o despertar da consciência.
Se a Verdade habita, a Confiança se expande!!
Se a Mentira segue, a Desconfiança é o que move!!
Colocar a intenção de acolher os grandes mistérios do existir (o desconhecido), assim como, aceitar o universo interminável de emoções e sensações que circulam o tempo todo por nós, é oferecer-se a permissão de “aceitar a vida como ela está”.
Ou seja, encarar a realidade como acontece de momento a momento, acolhendo a verdade dos fatos, situações e relações e abdicando de projeções, controle e julgamentos. Este comprometimento com “a aceitação do que é” também é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento da confiança.
A confiança adquirida gera o resultado tão almejado e muito falado nos dias de hoje: a entrega
Porém, para que a possibilidade de uma qualidade de entrega surja, é fundamental que a qualidade de presença esteja acontecendo e, desta forma, as ferramentas meditativas de aquietar a mente, estar presente no corpo, não criar expectativas, manter a atenção no agora são pontos fundamentais para essa conquista. A partir do desenvolvimento da presença vem o despertar da confiança e a consequente entrega.
Quanto maior o desapego de controle, surge o contato com a vulnerabilidade, muitas emoções e sensações reprimidas vem à tona e, desta forma, ocorre uma oportunidade preciosa de desfrutar da surpresa (o novo) no viver e do encantamento em receber o momento presente e o sagrado da existência.
Confiar é desapegar do controle!
Principalmente neste momento de isolamento social em função do Covid-19, torna-se primordial o despertar da confiança para o fluir da vida. Como podemos perceber, atualmente tudo está indefinido, incerto, inseguro e a chance de cultivarmos a desconfiança é muito grande!
O mais importante neste momento é confiar na vida como ela é (está) e seguir de momento a momento, sabendo que tudo é impermanente e isso também vai passar.
O professor Hermógenes, um dos grandes mestres introdutores da Yoga no Brasil, tinha uma frase célebre ao término de suas palestras: “Eu entrego, confio, aceito e agradeço”.
A prática da gratidão também é um grande portal de conexão com o grande mistério da vida e abre espaço para a “confiança”.
Crer para ver ou ver para crer?
O isolamento social provocado pelo Covid-19 já registra impactos psicológicos profundos na população. Porém, você não está sozinho nessa. Vamos superar essa fase juntos!
Tudo ok em buscar ajuda online. Converse com Maurício Bastos, experimente essa nova modalidade de atendimento e coloque seus pensamentos no lugar.
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