Existiria uma verdade única, intangível e absoluta?
No campo da ciência, há correntes de pensamentos que sustentam não haver nenhuma verdade, além daquilo que é perceptível aos órgãos sensoriais.
A verdade é a realidade como ela é?
A verdade é tudo que se manifesta aos olhos da percepção. Sendo a manifestação de tudo o que é ou existe, tal como é. Se ao comer um certo alimento, percebemos que é amargo ou doce, o gosto do alimento deixa de ser suposição, torna-se uma certeza, uma verdade. E, se vimos que a cor de uma flor é vermelha, não caberá dúvidas quanto à sua coloração.
Outras linhas de pensamentos, no entanto, explicam que cada um tem sua própria verdade não existindo, portanto, a verdade única. Não há percepções e sensações uniformes. Estas diferem de Ser para Ser e de situação para situação.
Portanto quem é este “sujeito” que percebe a verdade?
Quem é este Ser? Nas escrituras sagradas do Yoga, escritas por Patânjali, em suas prescrições éticas, temos a palavra Sathya- que significa verdade, veracidade.
Sathya é abster-se das mentiras e ilusões do pensar, falar e agir.
A verdade precisa ser experienciada, vivenciada e não conceituada, por isso, cada um terá impressões diferenciadas sobre a verdade, pois somos únicos e as percepções também.
A raiz de Sathya é Sat- que significa Ser. Ou seja, para cada pessoa no mundo, existe uma verdade diferenciada, pois existe um Ser único e diferenciado.
Caminhar através da verdade é o passo decisivo para a conexão com o Ser. A verdade é a base essencial para uma jornada de autorrealização. Veja o artigo sobre Liberdade e Livre Arbítrio.
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará…”
A verdade é ou não é?
O dicionário da língua portuguesa, define: Verdade, propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade; exatidão, autenticidade e veracidade.
Ao invés de buscarmos a exatidão e certeza nas coisas, um caminho interessante é começarmos a investigar onde habitam as mentiras, as ilusões e as fantasias.
O mecanismo do Ego utiliza-se das mentiras e fantasias para conquistar, se apoderar, pertencer, ganhar, não sofrer, ou seja, para seu próprio bel prazer e satisfação pessoal.
Não encarar a realidade e a verdade, e se identificar com fantasias e ilusões, a princípio, é um caminho mais rápido e prático que demanda menos esforço e energia.
“Muitos temem falar a verdade com medo de perder. Então perdem a paz, temendo o momento que a verdade chegará…”
Porém, existe uma inteligência – uma força por trás de tudo isso – nos estimulando a viver a nossa própria verdade. Encontramos a realidade como é, quando paramos de fantasiar e nos iludir.
Neste momento de Covid-19, uma fase de separações, confinamentos e dores profundas, temos um pedido dos orgãos de saúde para “ficar em casa”, o que é uma excelente oportunidade de mergulharmos em nossa casa essencial que é o nosso Ser, que habita este corpo e mente.
Neste mergulho essencial através da verdade, temos uma oportunidade única de autoconhecimento e do despertar de muitas camadas do Ser, entre elas, a possibilidade do sentimento da desilusão. Sem dúvida, estamos num momento histórico e crucial de desilusões em vários níveis: na política, religião, economia e principalmente nos relacionamentos humanos.
Temos um “chamado” que não dá mais pra mentir, nem enganar os outros e, tão pouco, enganar a si mesmo, se sabotar.
Bem vinda a des-ilusão!! (sair da ilusão)
“A desilusão é a visita da verdade…”
Chico Xavier
Sim, a desilusão pode ser muito desconfortável e dolorida, mas sem dúvida, é libertadora e curadora. Nos traz a realidade e nos permite caminhar para uma vida mais autêntica e plena.
Muitas vezes, aquilo que temos certeza, que achamos uma verdade absoluta, não passa de uma ideia fantasiosa lá do passado, vindo de alguma situação momentânea e que vira uma sentença ilusória para a vida, estas são as crenças limitantes. Veja aqui sobre as Crenças Limitantes.
As verdades emprestadas (crenças limitantes) são pensamentos, palavras e atos sabotadores que impedem a expansão de nossas potências e talentos.
“Sofremos, não por que nos identificamos com o que realmente somos, mas nos identificamos com o que não somos, as nossas fantasias e ilusões…”
Upanishads
As Quatro Nobre Verdades
Segundo o Budismo, existem Quatro Nobre Verdades, que foram os primeiros e últimos ensinamentos de Buda.
- A primeira nobre verdade diz que a vida é cheia de sofrimentos (insatisfações).
- A segunda, que o sofrimento é causado por nosso apego à ilusão (mentiras).
- A terceira verdade diz que a iluminação, ou a total libertação do sofrimento, é possível.
- A última diz como alcançar a iluminação ou cessação do sofrimento, através do caminho óctuplo.
“O sofrimento é causado pelo nosso apego à ilusão…”
“A mente que mente…”
Estamos entrando na Era da Verdade?
Estamos sendo encaminhados para aprender a sermos mais verdadeiros. Toda a verdade está sendo a cada dia mais revelada. Há algum tempo atrás, o conhecimento estava oculto e escondido, A verdade estava velada e quem tinha mais informações, eram os donos do “poder”.
Hoje, essa relação mudou. Quem compartilha mais conhecimento, percebe o quão importante é a humanidade estar mais consciente.
A vida atual e moderna está nos empurrando para a verdade, apesar de tantos “fake news”. Quanto mais próximos dela estivermos, mais potenciais e talentos serão despertos.
É hora de aceitarmos as nossas verdades mais profundas. Coragem! É hora de ampliarmos a Consciência!
A Era da Verdade já começou e temos que nos ajustar e ampliar a percepção sobre os pensamentos, palavras e atos. E essa é uma oportunidade incrível que estamos tendo para sermos nós mesmos, viver o que acreditamos, co-criarmos nossa realidade e ocuparmos o nosso verdadeiro lugar na existência.
“A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas…
A atenção flutua, toca as palavras, sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano ao óbvio!”Rubem Alves
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