A espontaneidade é uma qualidade essencial voltada à simplicidade e à naturalidade originando “uma nova resposta a uma nova situação” ou “uma diferente resposta a uma situação antiga”.
Nós podemos entender, portanto, a espontaneidade como a permissão para o “novo” e o “desconhecido”, o que se traduz em qualidade de presença.
A evolução da consciência resulta, entre outras, na ampliação de percepção de muitos padrões de comportamentos e posturas voltados às ações do momento presente, entre elas, a qualidade da espontaneidade.
Por exemplo, a mudança da postura rígida e controladora para a naturalidade e espontaneidade se inicia quando percebemos que estamos mais atentos, inteiros, focados e conectados ao “aqui e agora” e, organicamente, a originalidade, a criatividade, a vulnerabilidade e a resiliência começam a ser mais intensamente desenvolvidas.
Quando realizamos uma ação com “qualidade de presença” através da espontaneidade, ressoamos o nosso Ser, vivenciamos o “novo” e potencializamos nossa expressão criativa na vida.
Somos seres essencialmente flexíveis, vulneráveis e potencialmente criadores e é de vital importância para nosso bem-estar e felicidade, o sentimento de estarmos vivendo plenamente. Quando não apresentamos a qualidade de presença e espontaneidade, vivenciamos ou provocamos sentimentos de apatia, automatismo, tédio, confusão, inadequação e falta de energia e alegria.
A qualidade da espontaneidade está relacionada com a sensação de inovação e liberdade: ela faz surgir fenômenos inesperados, situações inusitadas, relações diferenciadas e surpreendentes. É um estado que surge no precioso momento do “aqui e agora” e que gera uma energia de acesso imediato, disponível em graus variados, e que opera como um catalisador psicológico para Ser quem tu és!
“Permita-se viver a sua natureza espontânea!”
A perda da Espontaneidade
“Nascemos Ser e nos tornamos Humanos no decorrer…”
No primeiro septênio de vida, a criança tende a habitar plenamente a presença de “Ser” sua própria essência. Ela se expressa e se move de acordo com os sentimentos, vontades e anseios internos, ou seja, é totalmente livre e espontânea na relação com a vida.
Isso ocorre, caso sua expressão seja reconhecida, aprovada e valorizada pelos pais. À medida que a criança vai amadurecendo, naturalmente a qualidade da espontaneidade se faz presente, pois a mesma tem um espaço seguro de se expor, expressar sua vulnerabilidade, emoções, quereres, anseios e receios.
“É seguro me expressar e sentir, tenho apoio e colo de meus pais para isso…”
Já a perda da espontaneidade se relaciona ao momento em que a criança é tolhida em seu movimento, reprimida em suas expressões e impedida de viver com naturalidade. Por consequência, surge a rigidez, o controle, a tensão, o medo, a repetição padronizada, a resposta falsa ou a falta de resposta.
Desta forma, o automatismo, a apatia e o condicionamento começam a ser frequentes e as respostas em relação às situações cotidianas da vida caem devido a uma desconexão com o “sentir”. A mesmice e a previsibilidade imperam, gerando uma limitação na potência do viver, sendo expressas por uma timidez exagerada, apatia, conformismo, resignação, vergonha, não permissão, etc.
Veja Automatismo.
“Perdemos a espontaneidade quando nos ausentamos e nos abandonamos, quando o foco da atenção está direcionado para o “outro” e para “fora” e a expressão fica voltada somente para agradar e ser acolhido(a) pelas pessoas e/ou a sociedade.”
O treino para a Espontaneidade
É fundamental que possamos resgatar a liberdade de escolha e de expressão e a espontaneidade é um ótimo parâmetro para isso. A sociedade está cada vez mais robotizada com padrões de comportamentos e posturas limitantes, apáticas e previsíveis, a denominada normose.
“Normose é um conjunto de hábitos considerados normais pelo consenso social que, na realidade, são patogênicos e nos levam à infelicidade, à doença e à perda de sentido na vida”.
Uma cultura voltada à naturalidade e à espontaneidade, estimula o indivíduo a compreender e a trabalhar de forma positiva diversos estados posturais e comportamentais negativos, e que podem ser ressignificados. Por exemplo: consumismo exagerado, separatividade, nutrição tóxica, relacionamentos destrutivos, indiferença, como também, sentimentos e comportamentos arraigados e viciantes como o medo, a raiva, a tristeza, a distração excessiva, o escapismo e tantos outros.
O principal objetivo de uma cultura voltada ao momento presente e à espontaneidade é permitir que o indivíduo possa experimentar seu estado natural para expressar sensações, emoções e sentimentos com liberdade e originalidade.
Vivenciar um autêntico “modo de estar no mundo” que lhe permita mais autoria – aliada à simplicidade e à resiliência e a uma aptidão privilegiada para responder com qualidade ao momento presente – poderá transformar o seu “viver” com muito mais desfrute, prazer e alegria nas pequenas coisas.
“É o que é… por que neste momento, estou o que estou…
E assim me expresso naturalmente…”
“O caminho para a espontaneidade se desenvolve a partir do autoconhecimento e autoaceitação, como também da conexão mais profunda com o momento presente.”
Acompanhe o artigo: Autoconhecimento .
Espontaneidade em excesso é saudável?
Para o bebê e a criança que estão em processo de desenvolvimento cognitivo e expressão de suas potências e talentos, sem dúvida, é muito saudável e construtivo a vivência contínua e intermitente da espontaneidade.
Para o jovem e o adulto, que em determinados momentos, circula em ambientes mais formais e profissionais, é importante ser comedido nas ações em função das questões sociais. Nestes momentos, o uso da razão é fundamental para observar o quanto é possível expressar determinadas posturas transparentes e originais em ambientes sociais mais reservados ou que demandem comportamentos mais sérios.
Onde mora a espontaneidade?
A espontaneidade não está especificamente em nenhum dos componentes do automatismo e nem da apatia. Ela está, sim, permeando toda a cena (o agora) no momento em que ela acontece. Ela mora na essência do Ser e se expressa naturalmente e originalmente, assim como os olhos conferem sentido à luz, de momento a momento.
“Presentear o eterno e eternizar o presente!”
Uma percepção ampliada e conectada ao sentir, através do momento presente é onde se origina a espontaneidade e, a partir daí, pode ser vivenciada em ações e expressões no dia a dia.
Exemplos de espontaneidade:
- Simplicidade e naturalidade no agir;
- Bom humor e diversão;
- Brincadeiras inusitadas;
- Leveza nas respostas, sem autocobranças;
- Estado de flow;
- Expressar sem expectativas de resultados;
- Gargalhadas;
- Choro;
- Expressões, posturas e fala que vem do inusitado e surpreendente;
- Tomar a iniciativa e agir diferentemente, em ressonância com a vontade interna.
“Se falta presença e atenção, falta espontaneidade.”
Espontaneidade sugere ir para a ação criativa no “agora”.
Uma ação diferente e inusitada que vem do coração (sentir).
E quanto mais criativos somos, novas descobertas, surpresas e possibilidades surgem para uma vida mais plena e abundante.
Experimente o “novo” em ti.
Se permita e pratique…
Bem-vindos à espontaneidade!
“Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz!”
Walt Disney
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